domingo, 26 de novembro de 2006


Não dormi bem a noite toda. Virei-me infinitamente, de um lado para o outro, imaginando o encontro dos olhares há dois anos afastados. Uma dor de barriga moidora e caprichosa como eu já não me lembrava há muito tempo atrás, na altura da paixão e dos encontros furtuitos, da insconsciência e dos beijos recém-descobertos. Na altura de uma tarde intemporal numa praia do Sul ou das traseiras de uma pensão barata qualquer, com cheiro a erva e a geada de Outono.
Quando o vi no carro vermelho, porta semi-aberta, de óculos a taparem os olhos pelos quais me apaixonara há sete anos atrás, estremeci com os nervos à flor da pele.

Perguntou-me para onde íamos. Respondi-lhe que íamos andar sem destino e deixei-o conduzir o carro vermelho tal como lhe permiti ali, naquele dia e naquele instante, conduzir a minha vida. Rumamos em direcção ao Guincho mas enganei-me no caminho ao pé da Boca do Inferno e tivemos que dar a volta a Cascais. Parámos na Casa da Guia. Quando saiu do carro reparei que estavas com um pouco de barriga, mas a T-shirt preta justa e as calças de ganga evidenciavam a figura forte e máscula que tanto me seduzia.

Confessou-me a sua ansiedade nessa manhã, em que acordou só para me ver, ao escolher a roupa para vir ao meu encontro. Lisonjeou-me a preocupação estúpida com a roupa, só para me agradar. Sabe que o acho bonito. Sempre.

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